2 research outputs found
Processamento da confiabilidade em caras: o papel das diferenças individuais nos estilos de vinculação
Research suggests that the presence of a human face elicits automatic
appraisals of its trustworthiness. To completely understand trust-based
interactions, research must consider not only the characteristics of the person
that make him or her trustworthy but also the observer effects that contribute to
individual variation in such judgments. Based on the assumption that different
attachment styles can influence attention mechanisms and information
processing, the main goal of the current dissertation was to investigate the
impact of attachment representations on the processing of facial cues that
resemble (un)trustworthiness. Using a multi-method approach, this thesis
investigated the novel issue of whether and how attachment styles are related
to interpretational (Study 1) and/or attentional biases of facial
(un)trustworthiness (Study 2 and 3). In Study 1, using a sample of 179
participants, we asked the simple but fundamental question of whether
individuals with different attachment styles differ in their conscious appraisal of
facial trustworthiness. Given that recent studies have shown that individuals
high in trait anxiety are also biased to interpret ambiguous stimuli in a
threatening way, we also explored whether individuals level of (trait and state)
anxiety would also impact judgments of trustworthiness. We found that both
anxiosuly-attached and highly trait-anxious individuals were more sensitive to
changes in untrustworthy than trustworthy faces, judging unfamiliar
untrustworthy and neutral-looking faces as more untrustworthy than less
anxious individuals. In study 2, using one of the most widely used tasks in
attention bias research, we aimed to investigate the extent to which an
individual’s attachment style is associated with selective attention to
un(trustworthy) faces. Specifically, our second study introduced an adapted
dot-probe design to more clearly investigate what specific selective attention
processes (orienting or disengaging) is responsible for a potential attentional
bias in insecure individuals. With a sample of 167 participants, our findings
suggested that both individuals who scored high on anxious-attachment and
trait-anxiety have a difficulty disengaging their attention from untrustworthy
faces. Finally, in our third study, we employed another widely used
electroencephalography paradigm (the oddball task) to examine the neural
correlates of facial untrustworthiness processing and shed light on the temporal
characteristics of a possible processing bias toward untrustworthy faces. With a
sample of 56 participants, our results revealed greater P3 (350-600 ms)
amplitude in response to untrustworthy than neutral faces, suggesting that
untrustworthy faces are more salient to all individuals. To our knowledge, the
present investigation is the first one to assess whether and how attachment
styles are associated with the processing of facial cues that resemble
(un)trustworthiness.Investigações sugerem que a presença de uma cara humana provoca uma
avaliação automática do seu nível de confiabilidade. Para compreender
completamente as interações baseadas na confiança, a investigação deve
considerar, para além das características do parceiro que o/a tornam confiável,
os efeitos do observador que contribuem para a variação individual nesses
julgamentos. Tendo como base a ideia de que diferentes tipos de vinculação
podem influenciar os mecanismos atencionais e o processamento de
informação, a presente tese teve como principal objetivo investigar o impacto
do estilo de vinculação no processamento da confiabilidade em caras. Com o
recurso a diferentes métodos de investigação, o presente trabalho investigou o
tópico inovador de uma potencial correlação entre o tipo de vinculação e a
presença de um viés interpretativo (Estudo 1) e/ou atencional (Estudos 2 e 3)
em relação a caras que variam na sua confiabilidade. O Estudo 1, com uma
amostra de 179 participantes, teve como base a simples, mas pertinente,
questão de saber se indivíduos com estilos de vinculação diferentes diferem na
sua avaliação consciente da confiabilidade com base na aparência facial. Dado
que estudos recentes demonstraram que indivíduos com graus elevados de
ansiedade-traço interpretam estímulos ambíguos como ameaçadores, o
primeiro estudo também explorou se o grau de ansiedade (traço e estado)
impacta avaliações de confiabilidade. Os resultados sugeriram que tanto
indivíduos com uma vinculação ansiosa como indivíduos com graus elevados
de ansiedade traço são mais sensíveis a mudanças em faces de baixa,
comparativamente a alta, confiabilidade, julgando caras que parecem pouco
confiáveis e neutras como menos confiáveis, do que indivíduos menos
ansiosos. O Estudo 2, recorrendo a uma das tarefas mais usadas na
investigação sobre enviesamentos atencionais, teve como objetivo investigar o
grau de associação entre o estilo de vinculação e a atenção seletiva para
caras que variam em confiabilidade. Especificamente, o segundo estudo
introduziu uma adaptação no design da tarefa de dot-probe, com o intuito de
investigar de forma mais precisa quais os processos responsáveis por um
potencial viés atencional em indivíduos com uma vinculação insegura.
Utilizando uma amostra de 167 participantes, os resultados sugeriram que
ambos os indivíduos que pontuaram alto no estilo de vinculação insegura e na
ansiedade-traço demonstram dificuldade em desviar a sua atenção de caras
com baixa confiabilidade percebida. Por fim, no terceiro estudo, aplicamos uma
tarefa amplamente usada em estudos eletroencefalográficos (a tarefa de
oddball), com o intuito de avaliar os correlatos neuronais do processamento de
confiabilidade em caras e identificar as características temporais de um
possível enviesamento em relação a faces pouco confiáveis. Recorrendo a
uma amostra de 56 participantes, os resultados revelaram uma maior
amplitude na P3 em resposta a caras de baixa confiabilidade
comparativamente a caras neutras, sugerindo que estas faces parecem ter um
elevado grau de saliência para todos os indivíduos. Tanto quanto sabemos, a
presente investigação é a primeira a avaliar se e como é que os estilos de
vinculação se associam ao processamento de pistas faciais que aparentam
baixa ou alta confiabilidade.Programa Doutoral em Psicologi
Experiência do luto e crescimento pós-traumático à luz da perspectiva da vinculação numa amostra de estudantes universitários
O confronto com a perda de um ente significativo pode ser um catalisador para
a ocorrência de Crescimento Pós-Traumático (CPT). A Teoria da Vinculação sugere
que o modo como o sujeito se adapta à perda e a intensidade das suas reacções
perante um luto está intrinsecamente relacionado com o seu padrão de vinculação aos
outros. Revela-se assim impreterível avaliar o fenómeno de CPT à luz desta teoria. O
objectivo geral do presente estudo consistiu em avaliar o CPT numa amostra de
sujeitos universitários que perderam um ente querido, pretendendo-se verificar se os
níveis de crescimento são mais elevados em sujeitos que perderam uma/ambas as
figuras parentais (Grupo Parental), comparativamente a sujeitos que perderam outros
entes queridos (Grupo Não-Parental). Pretendeu-se também avaliar se a qualidade da
vinculação prediz a intensidade do CPT. Esta investigação foi ainda desenvolvida
atendendo aos seguintes objectivos específicos: a) averiguar se existem diferenças nos
índices de CPT quando se considera o «tempo decorrido após a perda»; «causa da
morte»; «procura de acompanhamento psicológico após o luto»; «intensidade
emocional da perda» e «presença de um luto patológico»; b)averiguar se existem
diferenças nos índices de Mudanças Negativas quando se considera a variável de luto
«grau de parentesco». A amostra foi constituída por 213 sujeitos universitários e os
instrumentos utilizados foram, além de um Questionário Sociodemográfico e do Luto,
o Inventário de CPT (Tedeschi & Calhoun, 1996; versão portuguesa adaptada por
Resende et al., 2008); Escala de Mudanças Negativas após o Trauma (Costa, 2008);
Inventário do Luto Complicado (Prigerson et al., 1995; versão portuguesa adaptada
por Delalibera, 2010) e Escala de Vinculação do Adulto (Collins & Read, 1990, versão
portuguesa adaptada por Canaverro et al., 2006). Os resultados obtidos apuraram
que os sujeitos do Grupo Parental experienciaram concomitantemente maiores níveis
de CPT e de mudanças negativas após a perda, comparativamente ao Grupo Não-
Parental. Por outro lado, o tempo decorrido após a perda e a intensidade emocional
despoletada por esta revelaram-se positivamente correlacionados com os índices de
CPT. As variáveis causa de morte inesperada e a procura de acompanhamento
psicológico não mostraram estar associadas à experiência de crescimento. No que
respeita às variáveis que melhor predizem a experiência de CPT, a segurança na
vinculação revelou-se a melhor preditora de níveis mais elevados de crescimento, sendo que foi igualmente provado que um estilo de vinculação insegura prediz níveis
mais baixos de crescimento. O trabalho desenvolvido tem o seu mérito contributivo
na mudança de uma perspectiva focada exclusivamente na patologia e consequências
negativas da perda, rumo a uma abordagem mais salutogénica.The confrontation with the loss of a loved one can be a significant catalyst for
the occurrence of Posttraumatic Growth (PTG). The Attachment Theory suggests
that the way the individual adapts to the loss and the intensity of their reactions to
bereavement is intrinsically linked to their pattern of attachment to others. It is thus
imperative to evaluate the phenomenon of PTG in the extent of this theory. The
main objective of this study was the evaluation of the PTG in a sample of university
students who lost a loved one, in order to check if the growth rates are higher in
subjects who lost one/both parent figures (Parental Group), compared to subjects
who have lost other loved ones (Non-Parental Group). The purpose was also to
evaluate if the quality of attachment predicts the intensity of the PTG. This research
was further developed according to the following specific objectives: a) appraise
whether there are differences in the rates of PTG when considering «time elapsed
after loss», «cause of death», «seeking counseling after bereavement»; «emotional
intensity of loss» and «presence of pathological grief», b) learn if there are
differences in the rates of negative changes when considering the variable «degree of
relatedness». The sample consisted of 213 university subjects and the instruments
used were, in addiction to a Sociodemographic and Grief Questionnaire, the
Inventory of PTG (Tedeschi & Calhoun, 1996; Portuguese version adapted by
Resende et al., 2008); Escala de Mudanças Negativas Após o Trauma (Costa, 2008);
Inventory of Complicated Grief (Prigerson et al., 1995; Portuguese version adapted
by Delalibera, 2010) and Adult Attachment Scale (Collins & Read, 1990, Portuguese
version adapted by Canavarro et al., 2006).
The obtained results indicated that the subjects of the Parental Group
experienced both high levels of PTG and negative changes after loss, compared to
Non-Parental Group. Moreover, the time elapsed after the loss and emotional
intensity triggered proved to be positively correlated with the levels of PTG.
Unexpected death and seeking counseling variables have shown not to be associated
with the growth experience. Regarding the variables that best predict the experience
of PTG, the secure attachment proved to be the best predictor of higher levels of
growth, and has also been proven that an insecure attachment style predicts lower
levels of growth. This research has the contributory merit in changing the perspective focused exclusively on the pathology and negative consequences of loss, toward a
healthier approach